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ROTINA E MÉTODO

por Leonardo Maia

O meio como as crianças inseridas no homeschooling apreendem os conteúdos é uma dúvida na cabeça de muitas pessoas. Existe uma rotina de estudos? As crianças aprendem o mesmo conteúdo que aquelas que frequentam a escola? Os métodos de estudo são diferentes de alguma maneira? As respostas para essas perguntas podem ser subjetivas de certa forma. Mas as famílias alegam que tentam transmitir os conteúdos também abordados na escola, mas de uma forma mais próxima e que se adapte à personalidade de cada filho. 

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Rotina

Quando estamos aprendendo algo novo, a disciplina com uma rotina de estudos é algo fundamental para conseguir absorver bem um conteúdo. Os críticos do homeschooling costumam dizer que criar uma rotina em casa é algo que não acontece da mesma forma que em uma escola, onde normalmente há horários estritos para o início e o fim de cada aula. Débora Freire é formada em Física e resolveu abdicar do exercício profissional para também manter os filhos afastados das salas de aula.

Para Débora, ainda que no ensino domiciliar exista uma maior flexibilidade nos horários, a rotina também é fundamental para que a criança se desenvolva:

 

“A criança precisa de uma rotina, ela tem que ter o horário de dormir, de comer e de brincar. Tudo isso é estabelecido dentro do possível”

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*Imagens ilustrativas

*Clique e arrate para interagir com elas

6:00
Débora acorda seus filhos. Acordar cedo é considerado algo fundamental, segundo várias pesquisas científicas. De acordo com a Universidade de Roehampton, no Reino Unido, as pessoas que já estão de pé nas primeiras horas do dia são “mais magras, mais felizes e mais saudáveis” do que aquelas que acordam um pouco mais tarde.
7:00
A família se reúne para tomar café. Muitas vezes em uma vida mais corrida até mesmo as crianças, que precisam acompanhar o ritmo do trabalho dos pais e sair de casa bem cedo,  acabam tendo o café da manhã resumido ou pulado. Essa prática é prejudicial e pode resultar em uma maior probabilidade de infarto, segundo o periódico “Circulation”, da Associação Americana do Coração.
8:00
Após confraternizar com os filhos e a esposa, o homem sai de casa para trabalhar. A partir desse ponto a mãe já começa a preparar os filhos para a rotina de estudos.
9:00
A mãe começa a estudar com os filhos. Primeiramente, ela estuda com o filho mais velho, que tem 5 anos, envolvendo conteúdos de matemática, lógica, ciências e outras matérias que ela julga que ele precisa. Já o momento com o filho mais novo é mais leve, mais lúdico. A mãe usa de algumas estratégias como cantigas e flashcards, cartões com imagens que, entre outras funções, ajudam a fixar um vocabulário. “É uma educação menos metódica, menos sentado na cadeira.”, afirma a mãe.
12:00
Esse é o momento em que os filhos almoçam com a mãe e tiram um cochilo. Esse é um momento em que tanto os filhos como a mãe podem relaxar um pouco. Eles ficam livres também para assistir televisão ou brincar.
15:00
Nesse momento, a família faz a leitura compartilhada de um livro escolhido. Para a mãe, é fundamental incentivar o ato da leitura desde os primeiros anos de vida. No momento, o livro que eles estavam lendo era o Robin Hood.
16:00
Esse é o momento de sair de casa. Com o cuidado de não isolar os filhos do mundo, a mãe os leva para tomar sorvete, para ir ao shopping, ao cinema, entre outras atividades. Também esse tempo é destinado para tratar da socialização dos filhos, para visitar algum parente ou amigo.
20:00
Com o pai já de volta em casa do trabalho, eles voltam e passam mais um tempo com a família toda reunida, já se preparando para um novo dia.

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Método

A “Casinha Feliz”: como o método fônico pode auxiliar

na alfabetização de crianças

 

Pais que adotam a educação domiciliar e especialistas afirmam que o método ideal para a alfabetização não está na maioria das escolas brasileiras

 

Provavelmente, você está lendo este texto sem fazer nenhum esforço, as palavras entram e deixam o seu campo visual sem que você perceba. Ler é uma competência que se torna algo recorrente e quase automática depois de anos de prática. Entretanto, os primeiros passos na alfabetização de uma criança pode ser uma tarefa muito complicada em alguns casos. Para isso, os pais que adotam a educação domiciliar buscam novas formas de transmitir essa habilidade para seus filhos, uma delas é a chamada “Casinha Feliz”, de Iracema Meireles e Eloisa Meireles.

 

As escolas brasileiras praticam, em sua maioria, o chamado método silábico, no qual se lê as palavras a partir do som das sílabas. Ao pegar a palavra bola, por exemplo, teríamos a seguinte construção: Bê + o = Bo e Lê + A = La, portanto temos o resultado “BoLa”. Aqueles que buscam outros métodos de alfabetização julgam que essa forma de ensino é muito complexa e se baseia apenas em “decoreba”.

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A Casinha Feliz defende a alfabetização por meio do método fônico, que adota a leitura do texto por meio do som de cada palavra. Como exemplo, podemos tomar a palavra “bola” novamente. Por esse método as sílabas não são formadas separadamente, cada letra tem um som diferente, unidos na construção de palavras e frases. Os defensores do método afirmam que adotar o método silábico não faz sentido de forma sonora, porque “Bê + O” não resulta em “Bo”, mas sim em “Beo”.

 

Afirmando que a alfabetização deve ser “uma gostosa brincadeira”, a Casinha Feliz aposta na ludicidade. Além de um livro físico, o material também acompanha CDs e fantoches, que representam os membros de uma família. O ensino se dá acompanhando a história desse núcleo familiar, que apresenta o som das letras para as crianças. Eloísa Meireles, criadora do método, defende que essa é uma forma de tornar a aprendizagem mais inclusiva, de possibilitar que crianças com condições especiais, como o autismo e a síndrome de Down, consigam adquirir a habilidade da leitura.

 

Fernando Capovilla, psicólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), também defende a aplicação do método fônico. Ele afirma que, utilizando os suportes necessários em conjunção com o método, é possível ensinar a leitura para crianças que sejam surdas ou cegas. No primeiro caso é fundamental que a codificação passe primeiro pela Língua Brasileira de Sinais (Libras), que funciona como uma língua materna. Já em relação a cegueira, a adaptação é feita por meio tátil, no qual a criança tem a ausência visual suprimida.

Isso aqui é um réptil, meu filho, vamos ver na enciclopédia”

É assim que Débora Freire, mãe que decidiu adotar o homeschooling para os seus dois filhos, transmite conhecimentos sobre Matemática, História, Ciências e todas as outras matérias que eles teriam na escola. A mãe defende que é preciso aproximar o que se aprende de acordo com a rotina ou o contrário, aplicar o que foi apreendido por meio de livros no dia a dia.

Débora critica ainda o mau desempenho dos alunos brasileiros na escola. Para ela, a educação que se aplica tem uma abordagem muito teórica e atrapalha no interesse e aprendizado das crianças. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos da OCDE (Pisa), o Brasil ficou em 65º de 70 países avaliados.
 

Outro fator que a mãe discorda dos métodos de ensino aplicados na escola é a aplicação de princípios morais e ideologias diferentes das suas. Para a mãe, colocar em questão a existência de uma divindade nas escolas, por exemplo, é algo que não é positivo nos primeiros anos de aprendizagem:

 

“O foco principal é fazê-los acreditar no que a gente acredita”.
 

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